Nos anos 60, um dos principais concursos que acontecia na Zona Norte, era o chamado "Festival de Quadrilhas Nossa Senhora da Penha". O evento acontecia mais especificamente no Largo da Nossa Senhora da Penha, onde fica a Igreja da Penha. O organizador dessa festa chamava-se Sr. Miranda (na foto com os braços para trás). Essa festa durou cerca de 10 anos e a Show de Ramos foi campeã por três anos na categoria infantil, como era chamado na época. Uma curiosidade é que nessa época as quadrilhas infantis só podiam ter dançarinos com no máximo 13 anos, e foi nesse festival que se criou a categoria "mista" o que nos possibilitou de continuar concorrendo com componentes maiores de 13 anos.

Essa foto em especial, marca momentos importantes da quadrilha Show de Ramos e do próprio movimento junino do Rio de Janeiro, pois como podemos ver, estamos todos à frente da nossa primeira alegoria (um carrossel de onde surgia a noiva da nossa quadrilha chamada Simone). Ela ficou marcada em nossa memória pela novidade da sua entrada, e infelizmente por atitudes racistas que observamos na época, pois como era uma menina preta, ela perdeu como melhor noiva em um concurso onde era nítido o resultado em função da cor da sua pele. Isso na época gerou protestos por parte da nossa torcida que era composta por familiares, mas acabou não dando em cada.

Voltando para o registro fotográfico do nosso primeiro elemento cenográfico, ele traz a memória do senhor Manoel Corrêa Garcia, meu tio. Ele idealizou este e todos os outros cenários que a quadrilha fez até a sua partida. Seu trabalho era a frente do seu tempo e nos possibilitou sermos um dos pioneiros nesse quesito "alegorias e adereços". Seu trabalho hoje faz parte da tradição da quadrilha Show de Ramos, pois independente da proposta temática, sempre investimos em nossos cenários como parte fundamental do espetáculo.

Na foto ficou registrada a comemoração do primeiro dos três campeonatos conquistados no Festival de Quadrilhas da Penha. Da esquerda para a direita: João (dançarino da quadrilha), Senhor Miranda (organizador do festival), eu (Shirley), meu tio Manoel, Neinho e o Merinho.